Semana Santa

A Semana Santa é para os cristãos a Semana maior. E diz-se assim não porque seja cronologicamente maior do que as outras, como se tivesse mais dias, mas porque nela os cristãos celebram com intensidade o mistério mais profundo e mais importante a partir do qual toda a realidade adquire sentido. Mais ainda: cada dia da Semana Santa, e muito especialmente o Tríduo Pascal, tem uma tal densidade que concentra em si todo o sentido da história.


Programa para a SEMANA SANTA 2021


27 MARÇO // VIA SACRA

Carregar a Cruz de Jesus com o nosso Coração

  • Via plataforma digital Zoom: 21:30 horas

28 MARÇO // DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR

Eucaristias com Bênção de Ramos

  • Igreja Paroquial: 17:00 e 18:30 horas – sábado / 08:30, 11:30 e 18:30 horas – domingo
  • Igreja de Santo Amaro: 19:30 horas – sábado / 10:30 horas – domingo
  • Igreja de Nª Srª de Fátima: 09:30 horas – domingo

(A bênção dos Ramos será feita no início da Eucaristia na forma simples, no interior da igreja, sem procissão, nem entrada solene. Cada pessoa deve trazer o seu próprio ramo de casa.)

01 ABRIL // QUINTA-FEIRA SANTA

Missa Vespertina da Ceia do Senhor

  • Igreja Paroquial: 21:30 horas
  • Adoração do Santíssimo Sacramento (no final da Eucaristia)

(Nesta celebração será omitido o rito do ‘Lava-Pés’. A Trasladação do Santíssimo Sacramento também não será realizada e após o momento de Adoração o Santíssimo Sacramento será reposto na Capela do Santíssimo Sacramento.)

02 ABRIL // SEXTA-FEIRA SANTA DA PAIXÃO DO SENHOR

Oração de Laudes

  • Igreja Paroquial: 09:00 horas

Celebração da Paixão do Senhor e Adoração da Cruz

  • Igreja Paroquial: 15:00 horas

(O gesto da Adoração da Cruz será diferente do habitual: o beijo é limitado apenas ao celebrante. As pessoas farão um gesto de adoração inclinando-se ou genufletindo diante do Madeiro da Cruz. Neste dia também não haverá a Procissão, nem o ósculo dos pés do Senhor Morto.)

Via Sacra com a Catequese e Adoração da Cruz

  • Via plataforma digital Zoom: 15:00 horas

03 ABRIL // SÁBADO SANTO

Oração de Laudes

  • Igreja Paroquial: 09:00 horas

Vigília Pascal na noite santa

  • Igreja Paroquial: 21:30 horas

 04 ABRIL // DOMINGO DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Eucaristias do Dia de Páscoa

  • Igreja Paroquial: 08:30, 11:30, 18:30 horas
  • Igreja de Santo Amaro: 10:30 horas
  • Igreja de Nª Srª de Fátima: 09:30 horas

(Não haverá a tradicional Visita Pascal (Compasso), nem qualquer outra manifestação nas ruas como aconteceu o ano passado, por nota da Conferência Episcopal Portuguesa e recomendação do Bispo Diocesano, pois este ano as igrejas estão abertas e os fiéis podem participar nas Eucaristias do Dia de Páscoa.)


Quinta-feira santa: a última Ceia e a agonia de Jesus no jardim da Oliveiras

Na Quinta-feira Santa, na celebração da Ceia do Senhor, Jesus interpreta o sentido da sua vida e da sua morte, como Corpo entregue e sangue derramado, donde surgem dois grandes sacramentos que serão um o memorial e o outro o serviço deste memorial, a Eucaristia e a Ordem: Estes dois sacramentos constituem a síntese de todos os dons que Deus jamais podia fazer ao homem, porque são o sinal do amor como entrega e como serviço até ao fim. Depois à noite, na vigília de oração, a Igreja contempla a agonia de Jesus no jardim das oliveiras e a prisão, com o sinal tremendo do beijo de Judas. O que se celebra na Quinta-feira Santa é o que há de mais profundo na existência humana…

Sexta-feira santa: amou-nos e entregou-se por nós, morrendo de amor

Na Sexta-feira Santa, é a condenação de Jesus pelo tribunal judaico, o Sinédrio, e pelos romanos, na pessoa do Procurador Romano, Pôncio Pilatos. A multidão prefere Barrabás e Pilatos lava as mãos, entregando o inocente. A Paixão de Jesus é para nós cristãos o centro e o ponto final para onde tende todo o sentido da história da humanidade, a hora que Deus pensou desde toda a eternidade, na qual manifestou a sua glória, que é o seu amor, que quer que o pecador se converta e viva; a glória de Deus que é que o homem viva, sendo que a vida do homem está na contemplação desta hora, de que tanto fala o Evangelho de S. João: Deus amou de tal modo o homem… levou até ao fim o seu amor por eles… Chegou a hora! Glorifica, Pai, o teu Nome!… São expressões que encontramos em S. João…

Sábado Santo: o silêncio de Deus no sepulcro

No Sábado Santo, o dia do repouso de Deus, no qual o Senhor crucificado repousa no sepulcro. Que mistério este envolvido no silêncio de Deus. O Sábado Santo é da semana santa e do tríduo pascal o dia talvez menos meditado. Nesse dia a Igreja está em silêncio junto ao túmulo de Jesus meditando, contemplando o mistério do que aconteceu à alma de Jesus, ao Verbo incarnado durante o tempo, que está já para além do tempo, entre a morte e a ressurreição.
Nas representações do calvário é frequente ver-se, debaixo da cruz de Jesus, uma caveira. No evangelho diz-se que a colina fora da cidade de Jerusalém onde Jesus foi crucificado se chamava Gólgotha, o lugar da caveira. Aquela caveira que nas pinturas se representa debaixo da cruz não simboliza apenas a morte que é pelo mistério da morte de Jesus vencida, como proclama vitoriosamente S. Paulo, mas é sim uma evocação de Adão, segundo aquela tão sugestiva relação feita também por S. Paulo, mas que percorre todo o Novo Testamento, na oposição das duas personagens que constituem os dois centros de uma elipse, com que poderia representar-se a história da salvação: Adão, pelo qual veio o pecado e a morte; o Novo Adão, nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual veio a vida. Então no Sábado Santo a Igreja contempla a ida da alma de Jesus, do Vero incarnado ao lugar dos mortos, levar-lhes o evangelho que é Ele mesmo, e libertá-los dos laços da morte, e levá-los em cortejo triunfal através da ressurreição para o paraíso, que é Ele mesmo, no mistério da comunhão trinitária na qual nos introduz. No Sábado Santo contemplamos o mistério profundo de Jesus Cristo como o redentor de todos os homens, a começar de Adão, reabrindo, na sua vitória sobre a morte, as portas do paraíso que o primeiro Adão com o seu pecado havia fechado:
“Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei dorme; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos. Deus morreu segundo a carne e acordou a região dos mortos. Vai à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Quer visitar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte. Vai libertar Adão do cativeiro da morte, Ele que é ao mesmo tempo seu Deus e seu Filho… Eu sou o teu Deus que por ti me fiz teu filho, por ti e por estes que nasceram de ti; agora digo e com todo o meu poder ordeno àqueles que estão na prisão: ‘Saí’; e aos que jazem nas trevas: ‘vinde para a luz’; e aos que dormem: ‘Despertai’…“Adormeci na cruz, e a lança penetrou no meu Lado, por ti, que adormeceste no paraíso e formaste Eva do teu lado. O meu Lado curou a dor do teu lado. O meu sono despertou-te do sono da morte. A minha lança susteve a lança que estava dirigida contra ti… Levanta-te, vamos daqui. O inimigo expulsou-te da terra do paraíso; Eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas no trono celeste. Foste afastado da árvore, símbolo da vida; mas Eu, que sou a vida, estou agora junto de ti. Ordenei aos querubins que te guardassem como servo; agora ordeno aos querubins que te adorem como a Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos os mensageiros, construído o tálamo, preparado o banquete, adornadas as moradas e os tabernáculos eternos, abertos os tesouros, preparado para ti desde toda a eternidade o reino dos céus” (Antiga Homilia em Sábado Santo, séc. IV).

Domingo de Páscoa: a vida venceu a morte

E o Domingo de Páscoa, o Dia da ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do perdão sobre o pecado… O dia da Igreja, da liberdade dos filhos de Deus, o sinal sagrado colocado no meio da banalidade do tempo, para nos despertar para o tempo de Deus para nós e para os outros…

Tudo isto aconteceu por nós, por mim, por cada um de nós

Semana Maior, porque nela se concentra tudo o que é importante na vida, no tempo e na eternidade, onde tudo começa e tudo termina, em que o primeiro dia (o domingo) é também o último (oitavo dia), sinal distintivo dos cristãos. S. Paulo sintetiza o sentido de tudo isto quando escreve numa das suas cartas, profundamente emocionado: Ele amou-me e entregou-se por mim. Tudo o que se celebra na Semana Maior aconteceu por mim. Por um lado, percebemos a grandeza do pecado, porque Ele deu a vida na cruz por causa do pecado, para a remissão dos pecados; mas por outro manifesta a divina paixão de Deus pela humanidade, pelo homem, por cada ser humano em particular, porque cada um pode e deve fazer suas as palavras de S. Paulo, e assim o valor de cada homem mede-se a partir do sangue de Cristo, porque foi por cada um que Ele derramou o seu sangue. Lembra-te, ó homem da tua dignidade e procura viver de acordo com ela, correspondendo ao amor de Deus por ti, pois que o que celebra nesta Semana Santa, nesta Semana Maior, aconteceu e continua a acontecer, na Igreja e nos sacramentos, por ti, mesmo por aqueles que não acreditam.

Quem entende estas coisas? Quem acredita, porque quem acredita vê melhor, porque vê com o olhar do coração.