CELEBRAÇÃO DAS SEGUNDAS VÉSPERAS
LV SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de São Paulo fora dos Muros, terça-feira, 25 de janeiro de 2022
Neste caminho, servem-nos de ajuda os Magos. Nesta tarde, contemplemos o seu itinerário, que tem três etapas: parte do Oriente, passa por Jerusalém e, finalmente, chega a Belém.
1. Primeiro, os Magos partem «do Oriente» (Mt 2, 1), porque lá veem despontar a estrela. Põem-se em viagem do Oriente, donde surge a luz solar, mas vão à procura duma luz maior. Estes sábios não se contentam com os seus conhecimentos e tradições, mas anseiam por mais. Por isso enfrentam uma viagem arriscada, animados pela inquietação da busca de Deus. Queridos irmãos e irmãs, sigamos também nós a estrela de Jesus! Não nos deixemos distrair pelos fulgores do mundo, estrelas cintilantes mas estrelas cadentes. Não sigamos as modas passageiras, meteoros que se apagam; não cedamos à tentação de brilhar com luz própria, ou seja, de nos fechar no nosso grupo para nos autoconservarmos. Mas, que o nosso olhar esteja fixo em Cristo, no Céu, na estrela de Jesus. Sigamos a Ele, ao seu Evangelho, ao seu convite à unidade, sem nos preocuparmos de quão longa e cansativa possa ser a viagem para a alcançar plenamente. Não esqueçamos que, contemplando a luz, a Igreja, a nossa Igreja, no caminho da unidade, continua a ser o «mysterium lunæ». Aspiremos e caminhemos juntos, apoiando-nos mutuamente, como fizeram os Magos. Muitas vezes a tradição no-los mostrou com indumentos variegados para representar diferentes populações. Neles, podemos ver refletidas as nossas diversidades, as várias tradições e experiências cristãs, mas também a nossa unidade, que nasce do mesmo desejo: ver o Céu e caminhar juntos na terra. Caminhar.
O Oriente leva-nos a pensar também nos cristãos que lá habitam em várias regiões devastadas pela guerra e a violência. Foi precisamente o Conselho das Igrejas do Médio Oriente que preparou o roteiro para esta Semana de Oração. Aqueles nossos irmãos e irmãs enfrentam tantos desafios difíceis e no entanto, com o seu testemunho, dão-nos esperança: lembram-nos não só que a estrela de Cristo resplandece nas trevas e não conhece ocaso, mas também que, do Alto, o Senhor acompanha e anima os nossos passos. Ao redor d’Ele no Céu brilham, juntos e sem distinções de confissão, inúmeros mártires; estes indicam-nos na terra um caminho concreto: o da unidade!
2. Do Oriente, os Magos chegam a Jerusalém com o desejo de Deus no coração, dizendo: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo» (2, 2). Mas, do desejo do Céu, veem-se reconduzidos à dura realidade da terra: «Ao ouvir tal notícia – diz o Evangelho –, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele» (2, 3). Na Cidade Santa, os Magos, em vez de ver refletida a luz da estrela, experimentam a resistência das forças tenebrosas do mundo. Não é só Herodes que se sente ameaçado pela novidade duma realeza diversa da sua corrompida pelo poder mundano, mas toda a Jerusalém se perturba com o anúncio dos Magos.
Também ao longo do nosso caminho rumo à unidade, pode acontecer que nos detenhamos pelo mesmo motivo que paralisou aquela gente: a perturbação, o medo. É o temor da novidade que faz alterar os costumes e as certezas adquiridas; é o medo de que o outro desnorteie as minhas tradições e esquemas consolidados. Mas, na raiz, está o medo que habita o coração do homem e do qual nos quer libertar o Senhor Ressuscitado. Deixemos ressoar no nosso caminho de comunhão a sua exortação pascal: «Não temais!» (Mt 28, 10). Não temamos antepor o irmão aos nossos medos! O Senhor deseja que confiemos uns nos outros e caminhemos juntos, não obstante as nossas fraquezas e pecados, apesar dos erros do passado e das feridas mútuas.
Também nisto nos dá coragem a vicissitude dos Magos. Embora Jerusalém seja lugar de deceção e oposição, onde o caminho indicado pelo Céu parece interromper-se contra os muros erguidos pelo homem, todavia é lá precisamente que os Magos descobrem o caminho para Belém. São os sacerdotes e os escribas que fornecem a indicação, sondando as Escrituras (cf. Mt 2, 4). Os Magos encontram Jesus não só graças à estrela, entretanto desaparecida, mas eles precisam também da Palavra de Deus. De igual modo nós, cristãos, não podemos chegar ao Senhor sem a sua Palavra viva e eficaz (cf. Heb 4, 12). Esta foi dada a todo o Povo de Deus para ser acolhida, rezada, para ser meditada juntamente com todo o Povo de Deus. Aproximemo-nos, pois, de Jesus através da sua Palavra, mas aproximemo-nos também dos irmãos através da Palavra de Jesus. A sua estrela surgirá de novo no nosso caminho e encher-nos-á de alegria.
3. Assim aconteceu com os Magos, chegados à última etapa: Belém. Aqui entram na casa, prostram-se e adoram o Menino (cf. Mt 2, 11). Deste modo termina a sua viagem: juntos, na mesma casa, em adoração. Os Magos antecipam-se assim aos discípulos de Jesus que, diversos mas unidos, no final do Evangelho se prostram diante do Ressuscitado no monte da Galileia (cf. Mt 28, 17). Desta forma tornam-se um sinal de profecia para nós, desejosos do Senhor, companheiros de viagem pelas estradas do mundo, pesquisadores através da Sagrada Escritura dos sinais de Deus na história. Irmãos e irmãs, também para nós, a unidade plena, na mesma casa, só pode chegar através da adoração do Senhor. Queridas irmãs e queridos irmãos, a etapa decisiva do caminho rumo à plena comunhão requer uma oração mais intensa, requer que se adore, requer a adoração de Deus.
Entretanto os Magos lembram-nos que, para adorar, há um passo a realizar: primeiro é preciso prostrar-se. Este é o caminho, inclinar-se para o chão, pôr de lado as próprias pretensões para deixar no centro apenas o Senhor. Quantas vezes o orgulho foi o verdadeiro obstáculo à comunhão! Os Magos tiveram a coragem de deixar em casa prestígio e reputação, para se abaixarem na pobre casinha de Belém; assim descobriram uma «imensa alegria» (Mt 2, 10). Abaixar-se, deixar, simplificar: nesta tarde, peçamos a Deus esta coragem, a coragem da humildade, único caminho para chegar a adorar a Deus na mesma casa, ao redor do mesmo altar.
Em Belém, depois de se terem prostrado em adoração, os Magos abrem os seus escrinhos e aparecem ouro, incenso e mirra (cf. 2, 11). Isto vem lembrar-nos que, só depois de ter rezado juntos, só diante de Deus, na sua luz, nos apercebemos verdadeiramente dos tesouros que possui cada um. Mas são tesouros que pertencem a todos, que devem ser oferecidos e partilhados. Com efeito, trata-se de dons que o Espírito concede para benefício comum, para edificação e unidade do seu povo. E apercebemo-nos disto não só rezando, mas também servindo: quando damos a quem passa necessidade, oferecemos a Jesus, que Se identifica com quem é pobre e marginalizado (cf. Mt 25, 34-40); e Ele une-nos entre nós.
Os presentes dos Magos simbolizam aquilo que o Senhor deseja receber de nós. A Deus deve ser dado o ouro, o elemento mais precioso, porque Deus está em primeiro lugar. É para Ele que é preciso olhar, não para nós; para a sua vontade, não a nossa; para os seus caminhos, não para os nossos. Se verdadeiramente temos o Senhor no primeiro lugar, então as nossas opções – mesmo eclesiásticas – não mais se podem basear nas políticas do mundo, mas nos desejos de Deus. Depois temos o incenso, para recordar a importância da oração, que se eleva para Deus como perfume de agradável odor (cf. Sal 141, 2). Não nos cansemos de rezar uns pelos outros e uns com os outros. E por fim aparece a mirra, que será usada para venerar o corpo de Jesus descido da cruz (cf. Jo 19, 39), remete-nos para o cuidado da carne sofredora do Senhor, dilacerada nos membros dos pobres. Sirvamos os necessitados, juntos sirvamos a Jesus que sofre!
Amados irmãos e irmãs, recolhamos, dos Magos, as indicações para o nosso caminho; e façamos como eles, que regressaram a casa «por outro caminho» (Mt 2, 12). Sim, como Saulo antes do encontro com Cristo, precisamos de mudar de estrada, inverter a rota dos nossos hábitos e conveniências para encontrar o caminho que o Senhor nos mostra, o caminho da humildade, o caminho da fraternidade, da adoração. Dai-nos, Senhor, a coragem de trocar estrada, converter-nos, seguir a vossa vontade e não as nossas comodidades; a coragem de avançar juntos, para Vós, que com o vosso Espírito quereis fazer de nós um só. Ámen.
Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo (Mt 2,2)
De acordo com o Evangelho de Mateus (2,1-12), o aparecimento da estrela no céu da Judeia representa um sinal de esperança aguardado por muito tempo, que conduz os magos, e de fato todos os povos da terra, ao lugar onde o verdadeiro rei e Salvador é revelado. Essa estrela é um dom, uma indicação da presença amorosa de Deus para toda humanidade. Para os magos era um sinal de que um rei havia nascido. Com seus raios de luz ela conduz a humanidade na direção de uma luz ainda maior, Jesus, a nova luz que ilumina cada pessoa e nos conduz para a glória do Pai e para o esplendor que ela irradia. Jesus é a luz que veio até as nossas trevas quando, por obra do Espírito Santo, foi encarnado na Virgem Maria e se tornou humano. Jesus é a luz que foi ainda mais adiante nas trevas do mundo quando, por nós e por nossa salvação, ele se despojou e se tornou obediente até a morte. Ele fez isso para iluminar nosso caminho para o Pai, para que pudéssemos conhecer o Pai e o amor que ele tem por nós, quando nos deu seu único Filho, para que acreditando nele pudéssemos não perecer mas ter a vida eterna. Os magos viram a estrela e a seguiram. Tradicionalmente comentadores têm visto nas figuras dos magos um símbolo da diversidade de povos conhecidos naquele tempo, e um sinal da universalidade do chamado divino que aparece na luz do astro que brilha vindo do oriente. Eles também veem na ansiosa busca dos magos por um rei recém-nascido toda a busca ansiosa da humanidade pela verdade, a bondade e a beleza. A humanidade vem buscando Deus desde o começo da criação para venerá-lo. A estrela apareceu quando o Menino Deus nasceu ao se completar o tempo. Ela anunciou o ato de salvação de Deus, esperado por tanto tempo, que começa no mistério da encarnação.
Os magos nos revelam a unidade de todas as nações, desejada por Deus. Eles viajam vindo de países distantes e representam culturas diversas, mas estão impulsionados pela mesma fome de ver e conhecer o rei recém-nascido, e se reúnem na pequena casa de Belém no ato simples de prestar homenagem e oferecer presentes. Os cristãos são chamados a ser para o mundo um sinal de Deus, trazendo para cá essa unidade que Ele deseja. Vindo de diferentes culturas, raças e línguas, os cristãos partilham em comum a busca por Cristo e o desejo de adorá-lo. A missão do povo cristão, portanto, é ser um sinal como foi aquela estrela, para guiar a humanidade na sua busca de Deus, para conduzir todos a Cristo e para ser instrumento através do qual Deus está trazendo para o meio de nós a unidade de todos os povos.
Parte do ato de homenagem dos magos foi abrir seus tesouros, oferecer seus presentes, que, desde a antiguidade cristã, têm sido compreendidos como sinais de diferentes aspetos da identidade de Cristo: ouro como sinal de realeza; incenso pela sua divindade e mirra como previsão de sua morte. Os diversos presentes, portanto, nos oferecem uma imagem de visões particulares que diferentes tradições cristãs têm a respeito da pessoa e do trabalho de Jesus. Quando cristãos se reúnem e abrem seus tesouros e seus corações em homenagem a Cristo, todos se enriquecem à medida que essas perceções são partilhadas.
A estrela se ergueu no oriente (Mt 2,2). É do oriente que o sol se levanta, e é do que chamamos Oriente Médio que a salvação apareceu pela misericórdia de nosso Deus que nos abençoou com o que veio do alto (Lc 1,78). Mas a história do Oriente Médio foi, e ainda é, caracterizada por conflito e violência, manchada com sangue, injustiça e opressão. Mais recentemente, desde a Nakba Palestina (o êxodo da população árabe da Palestina durante a guerra de 1948) a região tem presenciado uma série de guerras e revoluções sangrentas e o crescimento de extremismo religioso. A história dos magos também apresenta vários elementos lamentáveis, particularmente as ordens despóticas de Herodes para o massacre de todos os meninos ao redor de Belém que tivessem menos de dois anos (Mt 2, 16-18). A crueldade dessas narrativas ressoa junto com a longa história e a difícil realidade presente do Oriente Médio.
Foi no Oriente Médio que a Palavra de Deus criou raízes e deu frutos. E a partir desse Oriente foi que os apóstolos saíram para pregar o Evangelho até os confins da terra (Atos 1,8). O Oriente Médio produziu milhares de testemunhas cristãs e milhares de mártires cristãos. E ainda assim, agora, a própria existência da pequena comunidade cristã é ameaçada já que muitos são levados a buscar uma vida mais segura e serena em outro lugar. Como aconteceu com a luz que era o Menino Jesus, a luz do cristianismo do Oriente Médio é crescentemente ameaçada nestes tempos difíceis. Jerusalém é um símbolo poderoso para os cristãos porque é a cidade de paz onde toda a humanidade foi salva e redimida. Mas hoje falta paz na cidade. Muitos partidos declaram seu direito em relação a ela e desconsideram outros. Até a oração em Jerusalém se tornou sujeita a medidas políticas e militares. Jerusalém foi a cidade de reis, de fato a cidade na qual Jesus entrará triunfante, aclamado como rei (Lc 19,28-44). Naturalmente os magos esperavam encontrar o rei recém-nascido revelado pela estrela naquela cidade real. No entanto, a narrativa nos diz que, em vez de estar abençoada pelo nascimento do rei Salvador, toda Jerusalém estava em tumulto, tanto como acontece hoje.
Hoje, mais do que nunca, o Oriente Médio precisa de uma luz celeste para acompanhar seu povo. A estrela de Belém é um sinal de que Deus caminha com seu povo, sente suas dores, escuta seus gritos e lhes demonstra compaixão. Isso nos garante que, mesmo que circunstâncias mudem e terríveis desastres possam acontecer, a fidelidade de Deus é infalível. O Senhor não dorme nem descansa. Ele caminha ao lado de seu povo e o traz de volta quando se veem perdidos ou em perigo. A jornada da fé é essa caminhada com Deus, que sempre contempla seu povo e nos guia nos complexos caminhos da história e da vida.
Para esta Semana de Oração, os cristãos do Oriente Médio escolheram o tema da estrela que se ergueu do oriente por um número de razões. Enquanto muitos cristãos ocidentais celebram o Natal, a festa mais antiga e ainda a festa principal de muitos cristãos orientais é a Epifania, quando a salvação é revelada às nações em Belém e no Jordão. Esse foco na teofania (a manifestação) é, em certo sentido, um tesouro que os cristãos do Oriente Médio podem oferecer a seus irmãos e irmãs do mundo inteiro. A estrela conduz os magos através do tumulto de Jerusalém, onde Herodes planeja o assassinato da vida inocente. Ainda hoje e, em muitas partes do mundo, inocentes sofrem violência e ameaças. Famílias de jovens fogem de tiranos como Herodes e Augusto. Nesse contexto, pessoas procuram um sinal de que Deus está com elas. Procuram o rei recém- nascido, o rei da delicadeza, da paz e do amor. Mas onde está a estrela que conduz a um caminho que leva a ele? É a missão da Igreja ser a estrela que ilumina o caminho para Cristo, que é a luz do mundo. Sendo uma estrela assim, a Igreja se torna um sinal de esperança num mundo cheio de problemas e também sinal, no meio de seu povo, da presença de Deus, que acompanha a todos nas dificuldades da vida. Por palavra e ação os cristãos são chamados a iluminar o caminho para que Cristo possa ser revelado, de novo, às nações. Mas as divisões entre nós diminuem a luz do testemunho cristão e obscurecem o caminho, evitando que outros encontrem a direção que leva a Cristo. Ao contrário, cristãos unidos em sua adoração a Cristo e capazes de abrir seus tesouros numa partilha de dons se tornam um sinal da unidade que Deus deseja para toda a sua criação.
Os cristãos do Oriente Médio oferecem estes recursos para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos conscientes de que o mundo partilha muitos dos problemas e dificuldades que eles experimentam, e anseiam por uma luz que aponte o caminho para o Salvador que pode vencer as trevas. A pandemia global do COVID-19, a permanente crise económica e o fracasso das estruturas políticas, econômicas e sociais na proteção aos mais fracos e vulneráveis destacaram a necessidade global de uma luz que brilhe na escuridão. A estrela que brilhou no oriente, o Oriente Médio, dois mil anos atrás, ainda nos chama à manjedoura, onde Cristo nasceu. Ela nos conduz para onde o Espírito de Deus está vivo e ativo, para a realidade do nosso batismo e para a transformação de nossos corações.
Após encontrar o Salvador e adorá-lo juntos, os magos retornam a seus países por um caminho diferente, tendo sido alertados em um sonho. De modo semelhante, a comunhão que vivenciamos em nossa oração em conjunto deve nos inspirar a voltar a nossas vidas, nossas igrejas e nosso mundo de novas maneiras. Viajar por novos caminhos é um convite ao arrependimento e à renovação de nossas vidas pessoais, em nossas igrejas e nossas sociedades. O seguimento de Cristo é nosso novo caminho e, num mundo em mudança, os cristãos precisam permanecer firmes e determinados como as constelações e planetas que brilham. Mas o que isso significa na prática? Servir ao Evangelho hoje é algo que requer um compromisso com a defesa da dignidade humana, especialmente no meio dos mais pobres, mais fracos e marginalizados. Isso exige das Igrejas transparência e reconhecimento responsável ao lidar com o mundo e uns com os outros. Isso significa que as Igrejas precisam colaborar para providenciar alívio aos aflitos, para acolher os deslocados, para aliviar os sobrecarregados e para construir uma sociedade justa e honesta. Esse é um chamado às Igrejas para o trabalho em conjunto para que os jovens possam construir um futuro de acordo com o coração de Deus, um futuro em que todos os seres humanos possam experimentar vida, paz, justiça e amor. O novo caminho entre as Igrejas é o caminho da unidade visível que, orando e celebrando, buscamos com coragem e audácia para que, dia após dia, “Deus seja tudo em todos” (1 Cor 15,28)
O CONSELHO DE IGREJAS DO ORIENTE MÉDIO*
O Conselho de Igrejas do Oriente Médio (Middle East Council of Churches – MECC) é uma associação de Igrejas que partilham a fé no Senhor Jesus Cristo como Deus e Redentor de acordo com as Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja. Fundado em 1974, o Conselho é o sucessor do Conselho de Igrejas do Oriente Próximo (fundado em 1962). O Conselho é uma corporação regional ecumênica, que une Igrejas para um testemunho cristão comum na região onde Cristo nasceu, viveu, morreu, foi enterrado e se levantou dos mortos. Geograficamente o trabalho do Conselho se estende do Irão, indo até o Golfo a Leste, e ao Mar Mediterrâneo e Egito a Oeste. Foi originariamente formado por três famílias eclesiais: os evangélicos, os ortodoxos ocidentais e os ortodoxos orientais. No ano de 1990, a família católica de Igrejas se uniu ao Conselho, adicionando uma quarta família. Juntas, essas Igrejas desejam cumprir sua missão comum e fazer acontecer a desejada unidade para a glória do único Deus.
Missão
Como uma tangível expressão da presença de cristãos na região, a missão do Conselho é trabalhar para a unidade dos cristãos através da convergência de visões, perspetivas e atitudes entre as Igrejas do Oriente Médio, especialmente em temas relacionados com presença e testemunho cristão e relacionamento entre cristãos e muçulmanos. Em particular, a missão do Conselho é vista hoje como sendo:
- Uma ponte entre Igrejas, removendo barreiras e preconceitos, e construindo um testemunho comum da ressurreição do Senhor. Como um corpo ecumênico, o Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC) une a grande maioria de Igrejas no Oriente Médio, dando a elas um espaço para reunião, oração, reflexão, análise, falar com uma voz comum e agir e dar testemunho juntas.
- Uma ponte entre cristãos e pessoas de outras religiões na região, especialmente com relação aos muçulmanos. O Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC) reforça e desenvolve diálogo e parcerias com os muçulmanos, com o objetivo de fortalecer e aprofundar amizade e paz entre povos para o bem da humanidade.
- Uma ponte entre o Oriente Médio e o restante do mundo cristão. O Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC) procura ser um mediador entre as Igrejas da região e seus irmãos e irmãs em Cristo em outros lugares.
* O presente texto é reproduzido sob a única autoridade e responsabilidade do Conselho de Igrejas do Oriente Médio que redigiu os textos originais para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022.