Reanimar a esperança e a confiança

Concluído o triénio pastoral, sob o lema Juntos por um caminho novo, a nossa Diocese do Porto propõe-se viver um ano singular, incontornavelmente marcado pela celebração do Jubileu de 2025, sob o lema Peregrinos de esperança. Para ser à moda do Porto, acrescentamos-lhe um subtítulo, com todos e para o bem de todos, sublinhando assim, na nossa ação pastoral, a perspetiva mais ampla de uma sinodalidade missionária, que não podemos limitar a um evento, mas que se pretende seja a nossa forma permanente de ser e de edificar a Igreja.

Como Povo de Deus, Povo peregrino desta tão  bela porção da Igreja Universal, queremos fazer da celebração festiva do Ano Jubilar o nosso primeiro objetivo pastoral, com vista a reanimar a esperança e a confiança, no coração das pessoas e do mundo e também na obra da Evangelização, onde tantas vezes o pessimismo estéril e a nostalgia do passado, bem como o medo paralisante do futuro, ou mesmo a tentação de amarrar o presente às nossas expetativas idealistas, não nos deixam perceber a graça deste tempo, as suas oportunidades e desafios.

Entre tantas ilusões e muitos desencantos do nosso caminho pessoal e eclesial, precisamos de redescobrir uma esperança, ancorada em Deus e no Seu infinito amor por nós; uma esperança que toma rosto em Jesus Cristo morto e ressuscitado por nós; uma esperança, não apoiada em cálculos e previsões estatísticas, mais ou menos otimistas, ou em soluções pastorais mais ou menos engenhosas, mas é alimentada pela ação discreta e paciente do Espírito Santo. É Ele o guardião e o artífice da esperança, que anda sempre de mãos dadas com a paciência, a sua parente mais próxima. “A paciência mantém viva a esperança e consolida-a como virtude e estilo de vida” (SNC, n.º 4). Só esta esperança, que não engana, nos pode ajudar a resistir à prova de fogo da desesperança e a confrontarmo-nos com ela, nós que vivemos ainda hoje, em tantos âmbitos da vida, a ressaca de tantas esperanças projetadas em vão. Como poderíamos nós viver sem esperança? A esperança é o sal da quotidianidade, disse o Papa Francisco. É “a virtude da vida quotidiana, na qual se faz o possível e se confia a Deus o impossível” (K. Rhaner).

É, pois, muito oportuna esta convocação jubilar da temática e da virtude da esperança. Sabemos que a fé e a caridade guiam pela mão esta esperança-menina. A fé e a caridade ensinam-na a caminhar, mas, ao mesmo tempo, é a esperança que as puxa para a frente, para não as deixar paralisar no medo ou no êxtase. Precisamos da pequenina esperança para ativar em nós a grande e ardente paixão pelo Reino, que constitui o fim da feliz missão que nos foi confiada, como testemunhas da esperança. Celebrar o Jubileu e reanimar a esperança é, pois, o objetivo primeiro e cimeiro do ano pastoral. A intensificação do processo sinodal e a cultura do cuidado – que se apresentam como segundo e terceiro objetivos – na prática desdobram o primeiro e concretizam o seu programa.

Caríssimos(as) diocesanos(as):

O Ano Pastoral de 2024-2025 é um ano singular, não enquadrado em nenhum triénio pastoral. No meio de muita solicitações e ações da pastoral ordinária, faz-nos bem – como se diz mais adiante – uma pausa fecunda no caminho, uma espécie de ano sabático, destinado a colher, recolher e saborear os frutos do passado e do presente, mas também a implantar as sementes do futuro. Faz-nos bem repousar com e como o Senhor, para discernir e apurar, com mais clareza, a meta do nosso caminho diocesano, definir algumas prioridades, concretizar opções pastorais audazes e realistas, para a nossa Igreja do Porto, nos alvores do segundo quartel do século XXI.

O Plano que aqui se apresenta não deve ser visto como um caderno de encargos a cumprir meticulosamente. Não. Pretende-se dar um mote, um foco, uma orientação comum e uma unidade de ação pastoral à nossa Diocese, Peregrina de esperança, na sua riquíssima variedade poliédrica. O elenco das muitas ações pastorais seja lido e acolhido, a partir dos contextos concretos, sempre sob a moção do Espírito, e apenas como um fermento de inspiração e de orientação, para caminharmos juntos, na riqueza da nossa Diocese, com as suas Paróquias, Associações, Movimentos e Obras.

Que este Plano Diocesano de Pastoral para 2024-2025, fruto de um processo sinodal, continue a ser, para quem o toma em suas mãos, um instrumento de exercício sinodal, na programação, realização e avaliação pastorais, em diversos âmbitos da ação e da corresponsabilidade pastoral, a nível (inter)paroquial, vicarial e diocesano. Ficaremos felizes se, ao menos, alguma proposta, oferecer novas intuições e desafios e sobretudo uma renovada esperança e confiança na nossa vida e missão cristãs.

Confiemos o bom êxito do novo ano pastoral a Maria, Nossa Senhora da Assunção, Mãe e Testemunha da Esperança.

+ Manuel da Silva Rodrigues Linda, Bispo do Porto

+ Joaquim Proença Dionísio, Bispo Auxiliar do Porto

+ Roberto Rosmaninho Mariz, Bispo Auxiliar do Porto

+ Vitorino José Pereira Soares, Bispo Auxiliar do Porto

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