Antífonas do Ó

De 17 a 23 de dezembro, como nos propõe a liturgia cantamos as Antífonas do Ó.

Associadas a Maria e ao seu Magnificat (são as antífonas que introduzem e concluem o canto desse hino na Oração de Vésperas desses dias), estas antífonas são uma preciosa ajuda para nos fazer chegar ao Natal, ao Mistério do Nascimento de Jesus, Filho de Deus e Nosso Salvador.

Maria ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal.

A comemoração de Nossa Senhora do Ó é uma festa católica de origem claramente espanhola. A festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora”, e entre o povo com o título de “Nossa Senhora do Ó”. Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anseios santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anseios de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos. A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogénito; é o desejo inspirado e sobrenatural da “bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.

As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes desde hoje até a Véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó (“Ó Sabedoria… vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé… vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel…, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de “Nossa Senhora do Ó”. É ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume e pela presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugénio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Primeiro comemorava-se a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia e passou a muitas igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na Arquidiocese de Braga.

Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!

As Antífonas do Ó formam, em latim, um acróstico (com as iniciais de cada uma das antífonas) que dão para escrever esta frase: ERO CRAS: virei amanhã.

O Senhor está a chegar. Alegremo-nos, como nos pede o terceiro Domingo do Advento. Vamos com alegria. Vamos todos a Belém, juntos num caminho novo, para nascermos de novo neste Natal. O Senhor espera por nós.

Antífonas

17 dezembro (Sapientia)

Ó Sabedoria do Altíssimo que tudo governais com firmeza e suavidade: vinde, vinde ensinar-nos o caminho da salvação.

18 dezembro (Adonai)

Ó Chefe da Casa de Israel que no Sinai destes a Lei a Moisés: vinde, vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço.

19 dezembro (Radix)

Ó Rebento da raiz de Jessé, sinal erguido diante dos povos: vinde, vinde libertar-nos, não tardeis mais.

20 dezembro (Clavis)

Ó Chave da Casa de David que abris e ninguém pode fechar, fechais e ninguém pode abrir: vinde, vinde libertar os que vivem nas trevas e nas sombras da morte.

21 dezembro (Oriens)

Ó Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol da justiça: vinde, vinde iluminar os que vivem nas trevas e nas sombras da morte.

22 dezembro (Rex)

Ó Rei das nações e pedra angular da Igreja, vinde, vinde salvar o homem que formaste do pó da terra.

23 dezembro (Emmanuel)

Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança das nações e salvador do mundo: vinde, vinde, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.